" ... os Adventos Crísticos propõem não apenas unir os homens, mas conduzi-los à unicidade do Cristo-Pai em que se busca conscientemente a eterna ventura espiritual... " (in Adventos Crísticos-Visão Espiritualista do Cristianismo renovado - Adolfo Marques dos Santos)

terça-feira, 11 de outubro de 2011

CONFIAR… (O Mestre na sua postura elegante, ajeita o belo manto de linho aos ombros, desliza o seu olhar em todos os assistentes e responde, com nobreza a Simão Pedro)


 Pedro gostava muito de Nazaré, cidade pequena mas muito bem situada, construções de pedra calcária em que a ordem impunha admiração e respeito. E Pedro admirava os nazarenos com os seus cabelos longos, muitos deles amantes da filosofia.

 Planície de Esdraelom

Nazaré ficava na Baixa Galileia, mas para o norte da planície de Esdraelom. As suas plantações de figueiras e oliveiras embelezavam mais a aldeia, arrematada com os  ciprestes. E o que mais encantava na cidade de Nazaré era a Fonte da Virgem, de onde saía a água para toda a comunidade dos nazarenos.

 Fonte da Virgem (Nazaré)

Quem fosse a Nazaré e não chegasse à Fonte da Virgem, não tinha ido a Nazaré.

Era uma beleza natural.
Simão Pedro Bar-Jonas já a conhecera há muito. Voltava lá sempre que podia, já que era pescador de profissão e por prazer. As águas faziam-lhe muito bem. Traziam os seus sentimentos às praias da mente, beneficiando a sua razão. Eis porque vamos encontrar Pedro em Nazaré, na famosa Fonte da Virgem, contemplando as belezas naturais que a mão do homem igualmente retocou.
Depois de muitas conversações com nazarenos que o conheceram como veterano pescador do Mar da Galileia, recolhe-se num banco de pedra que a natureza cinzelara, senta-se e começa a pensar. “Porque motivo aquela fonte foi logo aparecer ali, quem a construiu e como aquela água saíra ali com a medida certa de beneficiar aquela a população, encantando os visitantes?” Eis o descortino de Pedro, o pescador.
Daí a pouco, surge diante de si um nazarenozinho de uns quatro anos diante do pescador da Galileia, encosta-se nas suas pernas e chama-lhe “avô”.
Pedro sai da meditação e sorri para a criança, que corresponde com alegria. O menino pula para as pernas de Pedro e fala com a sua voz encantadora:

– Avô! Eu posso pendurar-me nas tuas barbas?
Pedro, meio esquisito, ficou um pouco sem responder, enquanto o menino esperava a sua decisão. Passado um pouco, ele sorri para a criança e diz:
– Pode, meu filho, pode. Por que não?

A criança avança com as suas pequenas mãos e pendura-se nas barbas longas do homem de Betsaida. Depois agarra-se ao seu volumoso pescoço, beijando-o de contentamento. Pedro fica encantado com a criança, pelo seu desembaraço, olha para os lados e não vê o acompanhante do garoto Começa a responder às perguntas do menino, desta forma:

– Quem te deu essas barbas?
– Foi Deus, meu filho!
– Onde mora esse Deus, avô?
– Nos céus.
– Onde ficam os céus?
– Lá em cima – Pedro aponta para o alto.
– E tu já foste lá, avô?
Pedro, sem querer mentir, fica calado. Depois responde:
– Não, meu filho.
– Então como tu sabes que fica lá em cima?
Pedro nada responde.
– Avô, tu falas. Quem te ensinou a falar?
Pedro, já preocupado:
– Foi o meu pai.
– E quem é o teu pai?
– Um homem, lá na cidade de Betsaida.
– E o teu pai fala?
– Sim.
– E quem foi que ensinou a ele?
Pedro meditou um pouco e disse:
– Há… Há… – Foi Deus.
– E quem é Deus?

Pedro começou a mostrar a fonte ao menino, distrair a criança com outras coisas, porque estava com dificuldade para explicar àquele menino as coisas que ele perguntava. E a criança, viva e alegre, fala com Pedro sorrindo, no maior encanto da beleza infantil:

– Avô, fecha os olhos!
Pedro demorou um pouco e a criança insiste:
– Fecha os olhos, avô, os olhos!
Pedro sorrindo também, fecha os olhos e, levantando a criança com ar de brincadeira, fala:
– E quando é que eu vou abri-los?
O menino responde:
– Agora avô!

Pedro com espanto, abre os olhos e, com as mãos para cima, estava segurando o seu cajado. O menino tinha sumido das suas mãos calejadas mãos. Procura aqui e ali, nada… O menino tinha sumido realmente. Pedro balança a cabeça, tenta negar o ocorrido, no entanto, vê que não era possível, ele tinha realmente conversado com uma criança e ainda tinha em mente as suas perguntas.
Levanta-se, olha demoradamente para as águas límpidas e belas, olha para os céus e fala consigo mesmo: “Há muito mistério que os homens ignoram”. E começa a conversar com novos amigos que vão chegando.

O apóstolo, ao chegar à igreja dos pescadores, encontra Filipe à porta, indo os dois proceder à limpeza do salão. Mateus queria sentir o prazer de orar aquela noite e quando pensava nisto, deparara com o olhar de Jesus, entendendo que devia iniciar a prece. Após a súplica, Simão Pedro levanta-se serenamente e pergunta ao Nazareno:
– Senhor, poderia explicar-nos o que se pode entender pela palavra Confiar? Não só a palavra, mas a prática dessa experiência que, às vezes, me confunde. Quando e onde confiar?


 O Mestre, na sua postura elegante, ajeita o belo manto de linho aos ombros, desliza prazerosamente o seu olhar em todos os assistentes e responde, com nobreza:

– A confiança, Pedro, não é material comprável nos mercados da Terra. É uma semente plantada por Deus na consciência das criaturas que pode, pelas mãos do tempo e o esforço de cada dia, ser despertada em cada um, tornando o seu crescimento, por assim dizer, infinito nos corações.
Se alguém te fala algo que o teu coração não pode aceitar, para recusares não é necessário desconfiar. Somente não aceites e basta.
Alimentar a desconfiança, Pedro, traz ao coração a dúvida, o medo, falsificando os alicerces de todos os teus ideais. Esforça-te para que tenhas confiança em tudo e em todos os momentos da vida, que essa mesma vida te responderá com a fé, com a certeza, e isso te trará a alegria duradoura e a paz necessária para viveres. Se começas a duvidar de tudo o que ouves, como vai ficar a tua mente? Certamente que ficará negativa e tu serás um negativo andante.
Enquanto, Pedro, não souberes copiar a natureza na sua sábia vivência, debaterás entre as escórias das indecisões até aprenderes com ela as lições ministradas por Deus.
           
Jesus dá um intervalo e olha mansamente para todos os seus companheiros. O Mestre expressa novamente o seu modo de entender a confiança e o confiar, na mais pura intimidade:
– Pedro! Acima da confiança nos outros, da confiança no que ouves, da confiança nos destinos da humanidade, é bem melhor que confies muito, mas muito em ti mesmo.
Duvidas da tua capacidade, duvidas do que podes realizar?
Duvidas dos teus sentidos, duvidas das coisas invisíveis?
Se fores por esses caminhos das dúvidas, acabarás duvidando de Deus, Nosso Pai no. Procura fazer no teu coração um alicerce de confiança, aquela que te assegura nas tuas próprias convicções. Duvidas até do modo pelo qual deves confiar e qual a hora da confiança. Confiança não tem hora ela deve ser permanente.
Tudo o que fizeres, faz com confiança, acreditando nas tuas boas realizações. Se por ventura algo falhar, como é de costume nos humanos, não esmoreças com o ocorrido, e não te lembres da dúvida.
Avança ocupando a mente e o coração noutras atitudes. Ponderar, é seleccionar trabalho e não dar vazão às desconfianças que poderão enraizar-se na tua cabeça e crescer como semente maligna, dando muito trabalho para ser arrancada.
Aquele que não duvidar no seu coração, já começa a dar mostras de que está entendendo a vida e atendendo Deus. Confiar em si mesmo é um passo avançado no mundo interior. Compete a cada um começar esse trabalho.
Na verdade Pedro, a nossa mente pode produzir fenómenos indescritíveis à luz da filosofia actual. Porém, diante das coisas divinas que se processam por intermédio dos homens, essa filosofia está muito longe, qual Terra das estrelas e é por isso que aconselhamos a oração. Ela sensibiliza todos os dons que possuis e te dá uma certeza.
Somente quem está imbuído desse espírito entende, pois a linguagem, na sua pobreza diante da realidade, não consegue dar melhores explicações daquilo que não se vê, com aquilo que é visto.
Já pensaste o que pode acontecer a um homem em dúvida?
É o mesmo que um barco solto ao léu das águas de um rio ou nas ondas furiosas do mar.

O Mestre firmou a atenção no apóstolo e os seus olhos brilhavam qual as estrelas nos céus. Com firmeza, terminou a sua exposição:

– Simão Pedro Bar-Jonas! Nós não nos devemos preocupar em demasia com as coisas de adultos, se ainda não entendemos as ideias das crianças. Sejamos comedidos mesmo na alimentação espiritual, pois para tudo deve-se ter uma medida e um tempo.
Se levares ao forno uma massa sem a medida de fermento, o pão irá atrofiar-se e não servirá ao paladar.
Continua as tuas interrogações e pesquisas, mas não te esqueças de abrir caminho com a sequência da prática, a teoria sem a confirmação são nuvens anunciando chuvas, mas completamente secas. É bom que não te esqueças disso: não devemos duvidar das pessoas, porque não gostamos delas.
Em muitos casos, o ponto de dúvida está em nós.

 *

Extraído do livro “Avé Luz” – João Nunes Maia/ Espírito Shaolin














sexta-feira, 7 de outubro de 2011

785 anos... depois de Francisco de Assis

C. E. U. – CENTRO ESPIRITUALISTA UNIVERSALISTA – HILEL
(trabalho apresentado na 5ª.feira dia 6 de Outubro de 2011)

 

785 anos… depois de Francisco de Assis

Sagradas Fileiras
Francisco de Assis em conjunto com o Velho Mestre (por estarem na mesma hierárquia), são os mestres responsáveis pelo Planeamento dos ADVENTOS, recebendo as orientações do Grão-Mestre dos ADVENTOS, Jesus ( in Adventos Crísticos – Sua Renovação no Vigésimo Século).

Sermão das aves
Certo dia, Francisco saiu para uma missão com os seus discípulos. Entre Cannara e Bevagna, num local silvestre, onde havia um pequeno descampado e ao redor muitas árvores de todas as espécies.
Em cima das árvores, voando em revoadas e espalhadas pelo chão no descampado, muitas aves, cantavam e confraternizavam com grande alarido.
Francisco disse aos discípulos:
“Esperem um momento, vou pregar às nossas irmãs aves!"
Entrou no campo indo de encontro às aves que estavam no chão, e mal começou a pregar, as que estavam nas árvores desceram.
Nenhuma se mexia, embora ele ao andar passasse perto e mesmo chegasse a roçar nelas com a extremidade da sua veste!
E dizia às aves:
Minhas irmãs aves, vocês devem muito a Deus, o Criador, e por isso, em todo lugar que estiverem devem louva-Lo, porque Ele vos permitiu que voassem para onde quisessem, livremente, da mesma forma que devem agradecer o alimento que Ele vos dá, sem que para isso tenham que trabalhar; agradeçam ainda a bela voz que o Senhor vos proporciona, que vos permitem realizar lindas entoações! Vejam, minhas queridas irmãs, vocês não semeiam e não ceifam. É Deus quem vos apascenta, quem vos dá os rios e as fontes, para saciar a sede; quem vos dá os montes e os vales, para o vosso refúgio e lazer, assim como vos dá as árvores altas, para fazerem os ninhos.
Embora não saibam fiar e nem coser, Deus vos concede admiráveis roupas para todas vocês e para os vossos filhos, porque Ele vos ama muito e quer o bem estar de vocês. Por isso, minhas irmãs, procurem sempre esforçarem-se em louvar a Deus.”

Acabando de dizer-lhes estas palavras, todas as aves num gesto quase uniforme, começaram a abrir os bicos e a esticar os pescoços, à medida que abriam as asas e inclinavam reverentemente a cabeça até a terra, cantando, demonstrando assim que Francisco lhes havia proporcionado uma grande satisfação!

Finalmente, Francisco fez-lhes o Sinal da Cruz e deu-lhes licença para se retirarem.
Então, todas aquelas aves levantaram-se no ar com um maravilhoso canto, e dividiram-se em revoadas e desapareceram atrás das colinas e das matas.

Conta-se que, dias depois, Francisco foi em companhia de Frei Massau a um lugarejo chamado Alviano, entre Orte e Orvieto.
Pararam na praça do Mercado e como sempre, cantaram uma melodia com versos que convidavam a conversão do coração, com a finalidade de reunir o povo.
Depois começou a pregar. Entardecia.
As andorinhas que ainda hoje fazem ninhos nos altos muros e nas torres das construções, voavam de um lado para outro em ciclo contínuo, cantando forte e de modo quase uníssono.
Os habitantes do lugarejo que se comprimiam ao redor para ouvir a palavra dele, não conseguiam entender quase nada, porque o barulho das andorinhas era muito intenso.
Então, Francisco com a maior tranquilidade, olhou para elas e com muita doçura disse:
“Irmãs andorinhas, parece-me que agora é minha vez de falar. Já cantaram e falaram bastante! Escutem, agora, a palavra de Deus e fiquem silenciosas enquanto eu falo!”
            Elas pararam e fizeram um grande silêncio, por todo o tempo que ele falou.

 A morte de Francisco de Assis
Quando percebeu que estava próximo de morrer, mandou que o levassem para a sua pequena cela na Porciúncula.
No Sábado dia 3 de Outubro, Francisco vivia os seus últimos momentos.
Ao entardecer começou a cantar o Salmo 141 de David, rodeado pelos frades que choravam e não queriam deixá-lo sózinho.
Com o passar do tempo, o som da sua voz foi perdendo a intensidade até que emudeceu inteiramente.
Os seus lábios fecharam para sempre e foi cantando, que entrou na eternidade.
DEUS infinita bondade, ainda permitiu uma última saudação ao seu humilde cantor.
Por cima da sua cabana e ao redor, o espaço foi ocupado por um sonoro e imprevisto coro de vozes de todas as aves, que em profusão e admirável alarido vieram cantando dar-lhe o último adeus.

Oração de João Paulo II a São Francisco
Ó São Francisco, estigmatizado do Monte Alverne,
o mundo tem saudades de ti qual imagem de Jesus crucificado.
Tem necessidade do teu coração aberto para Deus e para o homem,
dos teus pés descalços e feridos,
das tuas mãos trespassadas e implorantes.
Tem saudades da tua voz fraca, mas forte pelo poder do Evangelho.
Ajuda Francisco,
os homens de hoje a reconhecerem o mal do pecado
e a procurarem a sua purificação na penitência.
Ajuda-os a libertarem-se das próprias estruturas do pecado,
que oprimem a sociedade de hoje.
Reaviva na consciência dos governantes
a urgência da Paz nas Nações e entre os Povos.
Infunde nos jovens o teu vigor de vida,
capaz de contrastar as insídias das múltiplas culturas da morte.
Aos ofendidos por toda espécie de maldade,
comunica, Francisco, a tua alegria de saber perdoar.
A todos os crucificados
pelo sofrimento, pela fome e pela guerra, reabre as portas da esperança.

Amém.
 *

Continuamos na procura e compreensão… acaso não seremos nós as aves?